Um estudo publicado pela ONG Oxfam nesta segunda-feira, 21, revelou que o 1% mais rico da população mundial emite o dobro de gases causadores do efeito estufa que a metade mais pobre do planeta. O texto, “Confrontando a desigualdade do carbono”, em tradução livre, afirma que “justiça social e climática” é essencial em qualquer pacote de estímulo pós-pandemia de coronavírus.
“Nos últimos 20 a 30 anos, a crise climática se agravou e o limitado orçamento global de carbono foi dilapidado para intensificar o consumo de uma população rica, não para tirar as pessoas da pobreza”, denuncia a Oxfam, que pesquisa e atua contra a desigualdade em 67 países.
Em um período de 25 anos, de 1990 a 2015, “o 1% mais rico da população (quase 63 milhões de pessoas) foi responsável por 15% das emissões acumuladas, ou seja, o dobro em comparação à metade mais pobre da população mundial”. Aumentando o escopo, os 10% mais ricos da população mundial (630 milhões de pessoas) foram responsáveis por 52% das emissões acumuladas de CO2.
Durante esses anos, as emissões globais de CO2, responsáveis pelo aquecimento global, aumentaram quase 60%. E os grupos que “mais sofrem esta injustiça são os menos responsáveis pela crise climática: os mais pobres e as gerações futuras”, publicou a ONG.
“Está claro que esse modelo de crescimento econômico desigual e centrado no carbono não beneficiou a metade mais pobre da humanidade”, disse Tim Gore, pesquisador da ONG e especialista em política europeia e relações internacionais. “É uma dicotomia falaciosa sugerir que temos que escolher entre o crescimento econômico e o clima”, completou.
O texto faz um apelo para que os governos de todo o mundo coloquem a justiça social e a luta contra a mudança climática no centro dos planos de recuperação econômica para depois da pandemia de Covid-19.
No estudo, o ex-secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-moon afirma que a pandemia “trouxe à luz a necessidade de reconstruir a economia mundial de maneira melhor e colocá-la em um caminho mais justo, mais sustentável e mais resistente”.
“O compromisso coletivo deve ter como prioridade reduzir as emissões de CO2 da faixa mais rica da sociedade, que contamina o mundo de forma desproporcional”, completa.
(Com AFP)