Mais de 30 ONGs, incluindo o Greenpeace francês, exigiram, em carta aberta publicada nesta quarta-feira, 16, que o presidente da França, Emmanuel Macron, “enterre definitivamente” o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul devido ao impacto “desastroso” sobre florestas, clima e direitos humanos.
O documento das organizações precede o relatório elaborado por uma comissão de especialistas a pedido do governo francês sobre os impactos do acordo comercial que será apresentado na sexta-feira, 18.
“É preciso agir para se opor a este acordo, cujo impacto sobre as florestas, o clima e os direitos humanos seria desastroso. Senhor presidente, o senhor deve impor seu veto e fazer com que este acordo […] fique definitivamente enterrado”, diz a carta, lembrando que Macron se opôs a assinar o pacto no ano passado, em plena tensão diplomática com o presidente Jair Bolsonaro pelos incêndios na Amazônia.
O acordo comercial era negociado há mais de 20 anos quando as partes se entenderam em 2019, mas ainda precisa ser ratificado pelo Legislativo de todos os governos de ambos os blocos. No entanto, pedidos de boicote ao texto começaram a ganhar força na Europa, muito por conta da imagem do atual governo brasileiro no exterior. Algumas embaixadas brasileiras na Europa já amanheceram vandalizadas.
De acordo com uma pesquisa publicada pela YouGov, três em cada quatro europeus não desejam o acordo se ele contribuir para o desmatamento e prejudicar o meio ambiente.
O objetivo da carta aberta é “convencer Macron a continuar reunindo um número maior de países para obter uma minoria suficiente para bloquear o acordo”, disse Sylvie Bukhari, presidente da ONG CCFD Terre Solidaire.
No nível governamental, diversos países europeus já expressaram suas dúvidas quanto a ratificação do acordo. Os Parlamentos da Áustria e da Holanda, por exemplo, rejeitam o acordo em seu estado atual. Outros países, como Bélgica, Irlanda e Luxemburgo, estão relutantes em ratificar.
A chanceler alemã, Angela Merkel, cujo país foi um dos principais negociadores, expressou em agosto, pela primeira vez, “sérias dúvidas” sobre a entrada do texto em vigor.
(Com AFP)