Covid-19: os desafios do Brasil para manter as curvas em queda

A pandemia de coronavírus começou a desacelerar no Brasil. Desde sábado, 5, a curva de novos óbitos entrou em declínio oficial: a média móvel registrada teve redução de 18,2% em comparação com a de duas semanas anteriores. Antes disso, os números vinham caindo, mas sempre dentro da margem de 15%, que indica estabilidade.

A curva de casos é considerada estável desde 29 de julho, quando foi registrada a maior média móvel da pandemia no país: 46.393. Nos últimos três dias, houve queda significativa em relação há 14 dias antes: 19,6%, 23,2% e 25% respectivamente, mas ainda é cedo para dizer se foi uma redução pontual, causada por atrasos de notificações no final de semana e feriado, ou se é o início de uma queda consistente. A  taxa de transmissão da doença se mantém dentro do intervalo classificado como estabilidade, de acordo com a Universidade Imperial College de Londres.

Agora, o grande desafio é manter as quedas e desacelerar de fato a transmissão da doença em todo o país. “O número de óbitos pode até não aumentar, mas continua perpetuando a infecção”, diz o infectologista e epidemiologista Bruno Scarpellini.

Para controlar a doença, é preciso manter a taxa de contágio (R) abaixo de 1, isto é, uma pessoa transmite o vírus para menos de outra pessoa. A receita, até a aprovação e aplicação em larga escala de uma vacina, é impedir que o vírus se espalhe. E isso depende do comportamento da população. As regras: manter uma distância física de 1 a 2 metros das outras pessoas, evitar aglomerações, usar máscara constantemente – e da forma correta -, higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel constantemente. “Não é complicado. A manutenção do distanciamento e do uso de máscara já resolve boa parte do problema. Por exemplo, quem decide ir a um restaurante, deve manter a máscara enquanto não estiver comendo ou bebendo.”, afirma Scarpellini.  Da parte dos governos: testagem em massa, diagnóstico e acompanhamento precoce dos infectados, rastreamento de contatos e flexibilização consciente da quarentena.

Vale lembrar que a dimensão continental do país dificulta a adoção de medidas uniformes, já que cada estado e região está em uma fase diferente da pandemia. Por isso, para controlar o vírus é fundamental considerar as regionalidades e implementar ações que estejam de acordo com a característica de cada lugar.

Atualmente, o Brasil tem 4.238.446 casos e 129.522 mortos registrados pela doença. Nesta quinta-feira, 10, a média móvel de novas notificações da doença foi de 28.115,4 e a de novos óbitos de 701,1. A média móvel semanal é calculada a partir da soma do número de casos e mortes nos últimos sete dias, dividida por sete, número de dias do período contabilizado – o que permite uma melhor avaliação ao anular variações diárias no registro e envio de dados pelos órgãos públicos de saúde, problema que ocorre principalmente aos finais de semana.

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Fernanda de Souza

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