O Paquistão bloqueou nesta terça-feira, 1, o acesso ao Tinder e outros quatro aplicativos de namoro porque estariam veiculando conteúdo que o governo considera “imoral” e “indecente”. A medida ocorre poucos dias depois que autoridades ameaçaram proibir a plataforma de vídeos YouTube por motivos semelhantes.
A Autoridade de Telecomunicações do Paquistão (PTA) anunciou que impediu usuários de acessar os aplicativos Tinder, Grindr, SayHi, Tagged e Skout, porque essas redes sociais não conseguiram “moderar seu conteúdo” de acordo com as leis do país. Segundo a agência reguladora, as empresas não responderam aos avisos dentro do prazo estipulado.
O órgão afirmou que os aplicativos podem solicitar o fim do bloqueios se mostrarem que estão “regulando o conteúdo indecente e imoral, por meio de um engajamento significativo”. Contudo, não especificou o que quer dizer com “engajamento”.
Dados da empresa de análise Sensor Tower mostram que o Tinder foi baixado mais de 440.000 vezes no Paquistão nos últimos 12 meses. Grindr, Tagged e SayHi foram baixados cerca de 300.000 vezes e o Skout 100.000 vezes no mesmo período.
Shahzad Ahmad, diretor do grupo de direitos digitais Bytes For All, criticou o “policiamento moral” do Paquistão.
“Se adultos optam por usar um aplicativo, não cabe ao Estado ditar se eles devem usá-lo ou não”, disse.
Na semana passada, a PTA pediu ao YouTube para “bloquear imediatamente conteúdo vulgar, indecente, imoral, com nudez e discurso de ódio para visualização no Paquistão”. A medida foi criticada por ativistas de direitos humanos, que temem a crescente censura e controle sobre a internet e a mídia no país.
Além disso, em julho, as autoridades emitiram um ultimato contra o aplicativo de propriedade chinesa TikTok, ordenando que filtrasse conteúdos obscenos. O aplicativo de transmissões ao vivo Bigo Live foi bloqueado por 10 dias pelo mesmo motivo.
O Paquistão, segundo maior país de maioria muçulmana do mundo depois da Indonésia, impõe inúmeras restrições à liberdade de expressão, muitas vezes em nome do Islã ou da segurança nacional. O país proíbe relações extraconjugais e a homossexualidade.
(Com AFP)