‘Odeio preto’: polícia indicia por injúria por preconceito, ameaça e falsidade ideológica mulher filmada agredindo jovem em lanchonete

Amanda Queiroz Ornela ofendeu um jovem de 22 anos dizendo que ‘odiava preto’. Discussão aconteceu no fim de julho, no McDonald’s de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.

A Polícia Civil concluiu, nesta terça-feira (29), o inquérito e indiciou a mulher que se apresentou como médica e ofendeu um jovem no McDonald’s dizendo que odiava preto. Amanda Queiroz Ornela foi responder pelos crimes de injúria por preconceito, ameaça e falsidade ideólogica. O caso aconteceu em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, no fim de julho.

Segundo o delegado Vilson de Almeida, da 35ª DP (Campo Grande), responsável pela decisão, Amanda praticou o delito de racismo contra o jovem Matheus da Silva Francisco, de 22 anos, e também tentou intimidá-lo dizendo ser íntima de criminosos e se passando por médica.

A confusão começou depois que Amanda disse que a fila do caixa foi furada.

O que foi dito

Mattheus e outros clientes passaram a gravar o bate-boca — o momento exato da suposta primeira ofensa não foi registrado.

Mattheus: Agora fala que eu sou preto!
Amanda: Preto! Ué, tu é branco?
Mattheus: Você me chamou de preto, vai, fala.
Outra cliente: Fala da forma que você falou aqui na frente de todo mundo!
Amanda: Amanda Ornela, médica, caça aí o CRM.
Outra cliente: E racista!
Amanda: Racista! Odeio preto. Odeio preto. Sou obrigada?
Outro cliente: Você acha que pode ter esse ato de racismo aí só porque você tem dinheiro?
Amanda: Racismo não dá cadeia!
Outra cliente: Vai perder a noite na delegacia, vai gravar na delegacia, vai ficar gravadinho lá… Sabe por quê? Racistas não passarão!

Assista à reportagem completa:

Em outro momento da discussão, Amanda disse “ser casada com milícia”.

Clientes impediram que ela fosse embora até a chegada da Polícia Militar.

Mattheus prestou queixa na 35ª DP (Campo Grande). Amanda foi conduzida para a delegacia e, num primeiro momento, negou as acusações, mas depois manifestou o desejo de ficar em silêncio.

Mulher não tem registro
Mesmo na delegacia, a mulher insistia em dizer que era médica. “Vão me segurar, tô devendo a ele, beleza, tô errada, show… vamos para a sentença, mas pô, me segurar aqui tá errado”, argumentou.

Um policial perguntou se ela realmente era médica. “Médica psiquiatra, porque para ser psiquiatra tem que ser médica, filho, 8 anos”, respondeu.

Mas o Conselho Regional de Medicina (Cremerj) disse que não identificou nenhum registro no sistema no nome dela.

Em outro depoimento, Amanda disse que estava bêbada e que só teve noção do que aconteceu no dia seguinte à confusão, quando os vídeos viralizaram.

Ela admitiu que mentiu, disse que trabalha em uma farmácia como auxiliar administrativo e que se apresentou como médica porque uma mulher disse que era advogada.

Amanda também contou que mentiu novamente, por medo de ser agredida, ao dizer que era casada com miliciano – no vídeo, ela debocha: “Casada com milícia [SIC], beijos”.

 

O Diário Regional

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