Sargento diz à PF que foi a Guarulhos tentar retirar joias de Bolsonaro por ordem de assessor presidencial

Jairo Moreira foi ouvido como testemunha. Blog apurou que ele confirmou, em depoimento no último dia 31, ter recebido ligação de funcionário da Receita enquanto estava no aeroporto.

O sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que foi ao aeroporto de Guarulhos (SP) em dezembro ano passado tentar retirar as joias sauditas doadas ao então presidente Jair Bolsonaro – e que iriam para Michelle Bolsonaro – após ter recebido uma ordem do tenente Cleiton Henrique Holszchuk, assessor do tenente-coronel Mauro Cid.

Homem de confiança de Bolsonaro, Mauro Cid era o ajudante de ordens do então presidente, e Jairo Moreira atuava na equipe subordinada a ele.

O sargento Jairo Moreira foi ouvido pela PF na condição de testemunha. O inquérito foi aberto no mês passado e é conduzido pelo delegado Adalto Ismael Rodrigues Machado, da delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da Polícia Federal de São Paulo.

A investigação apura por exemplo os crimes de descaminho (quando acontece entrada ou saída de produtos permitidos no país, mas sem respeitar os tramites burocráticos e tributários exigidos) e de advocacia administrativa (quando um funcionário público se utiliza de sua função para interesses privados).

Como foi o depoimento
O blog apurou que, durante o depoimento à PF no dia 31 de março, Jairo Moreira disse que, em 28 de dezembro de 2022, foi informado pelo tenente Cleiton que iria no dia seguinte ao aeroporto de Guarulhos “pegar alguns presentes que estavam retidos na alfândega” e que deveriam ser levados para Brasília e registrados.

Acrescentou, então, que foi entregue a ele o ofício 736/2022, no qual estavam descritos os bens a retirar e que não foi informado a ele se deveria procurar alguém no local. E que, no dia seguinte, seguiu a ordem do tenente Cleiton e pegou um voo da FAB para Guarulhos. Esse foi ofício foi revelado com exclusividade pelo blog.

“Chegando lá, foi diretamente para a alfândega da Receita Federal no aeroporto. Ao ser atendido, foi informado que os bens não estavam disponíveis para retirada pois faltava um documento”, completou Jairo Moreira.

Segundo apurou o blog, nesse instante do depoimento, Jairo Moreira relatou ter dito ao funcionário da Receita que não tinha ciência desse documento porque ele só havia sido informado sobre a necessidade de retirar os objetos descritos no ofício.

Moreira declarou, então, que, ao ser esclarecido pelo servidor da Receita que não seria possível retirar as joias, ligou para o tenente Cleiton para pedir orientação. E Cleiton, segundo Jairo Moreira, informou que também não tinha conhecimento e que era para ligar para o coronel Mauro Cid, que pediu a Jairo Moreira que aguardasse.

Ligação de funcionário da Receita
A partir da ligação para Mauro Cid, segundo Jairo Moreira disse à PF, uma pessoa da Receita que ele não se lembra o nome nem o cargo telefonou para ele.

“O depoente também recebeu ligação de alguém da Receita Federal, cujo nome não recorda nem se ele falou o cargo que ocupava. Que essa pessoa da Receita Federal que ligou, perguntou o que estava acontecendo. O depoente explicou os documentos que faltavam de acordo com o que tinha entendido, e ele fala para o depoente aguardar”, relatou o sargento.

Presentes
O blog apurou também que, no depoimento, Jairo Moreira disse que presentes para a primeira-dama eram registrados pela chamada “ajudância de ordens” do então presidente da República.

Mas, ao final, pediu para retificar a informação, afirmando que presentes para a primeira-dama eram encaminhados diretamente para a assessoria dela, sem registro por parte da equipe de Bolsonaro.

O Diário Regional

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