Investigado por suspeita de incentivar atos antidemocráticos e presidente da CPI do MST: quem é o Tenente-Coronel Zucco

Em 2022, Zucco (Republicanos) foi o deputado federal mais votado no RS. Ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou na sexta-feira que Polícia Federal retome investigações sobre a suposta participação do parlamentar em atos antidemocráticos.

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a apurar invasões de terras por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e deputado federal mais votado do RS, Tenente-Coronel Zucco (Republicanos), é investigado por suposta participação em atos antidemocráticos. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal (PF) retome as investigações sobre o caso.

A investigação envolve suspeita de patrocínio e incentivo a atos antidemocráticos no Rio Grande do Sul e em Brasília contra o resultado das eleições de 2022. O pedido de investigação começou no RS, mas o TRF4 entendeu que, como Zucco tem foro privilegiado, a análise deveria ser feita pelo STF.

Em nota enviada ao g1, o parlamentar disse estar tranquilo em relação à investigação, negou que tenha cometido qualquer crime e falou em instrumentalização para atuação política pelo momento em que ele atua na CPI do MST (veja a íntegra no fim desta reportagem).

Moraes, que é o relator das investigações sobre atos antidemocráticos e golpistas, autorizou que a PF analise se há indícios de crime na conduta do parlamentar. ”Encaminhe-se os autos à Polícia Federal, para continuidade das investigações”, escreveu o ministro. A decisão é da última sexta-feira (19).

Atos em Porto Alegre
No ano passado, a Polícia Civil apontou o deputado como incentivador dos atos antidemocráticos de bolsonaristas contra o resultado das eleições de 2022.

O documento da Polícia Civil cita uma postagem feita por Zucco, que na época era deputado estadual. Nela, o parlamentar postou uma foto de um ato antidemocrático em frente ao Comando Militar do Sul que bloqueou vias da região – a Brigada Militar orientou os integrantes a desobstruí-las, e o MPF recomendou que a prefeitura de Porto Alegre atuasse para isso acontecer.

De acordo com a investigação, na publicação Zucco pedia que as pessoas fossem protestar no local. Segundo a polícia, ele ainda respondia internautas alegando retomar ‘aquilo que as eleições supostamente teriam subtraído do povo’.

Perfil
Nascido em Alegrete, na Fronteira Oeste do RS, Zucco é graduado em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Aos 48 anos, Zucco fez campanha ao lado do candidato a governador Onyx Lorenzoni (PL), o mais votado no primeiro turno do RS, e do candidato ao senado Hamilton Mourão (Republicanos), eleito no estado. Seu colega de partido Gustavo Victorino também foi o líder de votação na disputa à Assembleia Legislativa neste ano.

Apoiador de Bolsonaro, Zucco foi um participante ativo das manifestações a favor do presidente no RS. Nas comemorações do 7 de setembro, o candidato discursou em um carro de som e publicou fotos e vídeos em que defendia a “liberdade”.

“Não quero polarizar, mas, sim, precisamos manter pessoas técnicas nos ministérios, e precisamos continuar com uma política que realmente trabalhe a família, a pátria, os valores. Espero que no segundo turno tenhamos êxito, reelegendo o presidente e, aqui no estado, Onyx Lorenzoni”, disse, em outubro do ano passado.

Nota da defesa de Zucco
Fiquei surpreso ao saber pela imprensa da existência da solicitação de investigação encaminhada à Polícia Federal pelo Supremo Tribunal Federal.

A notícia de fato que embasa o pedido foi feita junto ao TRF-4 baseada em postagens feitas por mim em rede social nos meses de outubro e novembro de 2022. Como fui eleito deputado federal o processo seguiu para o STF conforme determina a Constituição Federal.

Chama atenção, contudo, o sensacionalismo com que alguns veículos trataram do tema, passando a impressão de terem sido instrumentalizados para uma atuação política justamente em momento em que assumo a presidência da CPI do MST.

Trata-se de tentativa de “requentar” pauta já há muito esclarecida. Trata-se de tentativa de cercear o pleno exercício de minha atividade parlamentar, isso sim atitude daqueles que não possuem apreço pelo Estado Democrático de Direito.

Documentos e vídeos de domínio público da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul demonstram que não há qualquer indício de envolvimento meu com quaisquer atos atentatórios à democracia.

Estou tranquilo em relação à investigação e certo de que a Polícia Federal verificará que nenhum crime houve assim como já observado pela autoridade policial do Rio Grande do Sul. Informo que minha assessoria jurídica se encontra à disposição da justiça para colaborar e esclarecer quaisquer pontos que se mostrem necessários.

Por fim, seguiremos firmes na missão de buscar todos os esclarecimentos sobre a escalada de invasões de propriedades privadas no âmbito da CPI do MST, bem como exercerei o mandato parlamentar outorgado pelo povo gaúcho com vigor, coragem e técnica, dentro do que preceitua a Constituição Federal.

O Diário Regional

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